sábado, 21 de julho de 2012

Inscrever e apagar/ tecer e desmanchar - dicas para utlilizar fios de peças desmanchadas


Verso                                                         Rhyme
meu verso                                                 when I rhyme                         
nem sempre tem anverso                      tis not always a headline
se re-verso                                               if  I re-rhyme
nem sempre é o inverso                        tis not always the backline
em qualquer caso, controverso            as such, tis controversial by design
e, às vezes, perverso                              and perverse sometimes
                                                                                                    Isabella Vieira de Bem
De novo me deu aquela coisa, as palavras em ping-pong na minha cabeça. e o resultado está aí acima.
Lembrei de duas coisas que eu faço muito: ESCREVER e TECER. Escrevo muito e também apago o que escrevo com certa frequência. Bem menos desde que os processadores eletrônicos de texto se disseminaram nos anos 90. E fiquei pensando que eu leio e escrevo desde meus 6 anos de idade, e também com 6 anos aprendi a fazer tricô.

Once again I had this "thing" that made me write the words playing table-tennis in my head. And the result is the poem above. This reminded me of two of the things  I do a lot: wrtiting and weaving yarn. I write a lot and also erase my writing quite often. Less often since wordprocesors became popular in the 90s.  I caught myself wondering about the coincidence that I learned both to write and to knit whan I was 6.


Como para Penélope, embora por motivos menos dignos do mito, tecer e desmanchar para mim são processos igualmente importantes. O primeiro porque é a iniciativa, o pôr em marcha uma sequência de etapas rumo a um objetivo que deve resultar num produto final. O segundo porque permite retomar, reavaliar, reconsiderar as escolhas, as interpretações, as decisões, tão importantes quanto o produto final e que constitutem valor agregado a ele.

 Like Penelope, though for reasons less dignified than the mythical ones, weaving and undoing are for me equally important processes. The former, as the initiative it is, the triggering of a sequence of steps leading to a goal that will eventually turn out into a final product. The latter, as
 it allows for resuming, reassessing, reconsidering your choices, interpretations, decisions, all as crucial as the finished product, and that add value to it.


Assim é que o trabalho a mão, o tecer ou escrever, tem seu significado na cultura. Roger Chartier, em Inscrever e Apagar, nos leva a refletir sobre a importância da leitura e da escrita na nossa vida individual e a seguir na cultura, e como se poderia estabelecer critérios que nos permitissem decidir o que deve ser preservado=lembrado e o que deve ser descartado/apagado=ESQUECIDO. Essa decisão é necessária, pois dada a proliferação da atividade da escrita como consequência das práticas tecnologizadas especialmente nas sociedades de economia globalizada, corremos o risco de, ao guardarmos tudo, não guardarmos nada. Quer dizer, a gente tem que  conseguir  estabelecer  o que tem valor e o que não tem para as novas gerações.

And so it is that the work by hand, weaving or writing, bears significance in culture. Roger Chartier, in Inscrever e Apagar leads us sto ponder about the importance of reading and writing in our individual life and in the life of culture as a consequence, and about how we could set criteria that helped us decide what to be preserved and what to be disposed of/erased. This decision is a necessary one because, given the proliferation  of the activity of writing emerging in the highly technologizes practices within globalized economy soieties especiallyl, we run the risk of, on saving/storing every/anything, saving nothing at all. That is to say, we must find a way of setting apart what is worth keeping for the coming generations from what is not.

Quando eu desmancho uma peça tecida a mão é normalmente porque já não serve mais, ou  o modelo já saiu de moda e só faço isso se o fio for de boa qualidade. Em seguida eu procuro uma outra peça que ficaria bem naquele fio e cor e a aventura inicia novamente.

When I undo a handwoven piece it is generally one that doesn't  fit me anymore or a style that is not fashionable any longer, and I only do it if the yarn is high quality to bear the process. Next, I go hunting for a new pattern that would make the most of the yarn and color and set out to a new adventure all over again.

Alguns cuidados para se utilizar fios de peças desmanchadas:

Nese site vocês encontram uma AULA COMPLETA sobre como desmanchar peças e reutilizar o fio de tricô< http://www.superziper.com/2009/06/reciclando-o-seu-trico.html


Aqui tem um exemplo do que eu falei: desmanchar às vezes leva a um resultado surpreendente
http://muitasartes.com.br/categorias/croche/


http://muitasartes.com.br/categorias/croche/

Na tendência de restauro, preservação e reciclagem, encontrei o blog tramas100dramas, que recomendo, com muitas dicas de técnicas de reutilização e restauro e de tricô.

http://tramas100dramas.blogspot.com.br/2010/03/eque-quantidade-de-fio-e-preciso-para.html


E aqui uma dica do livro Tricô para Iniciantes, que está disponível no Scribd

Para aproveitar lã de peça usada, desmanche as mesmas tendo o cuidado de enrolar no encost de uma cadeira alã, formando meadas. Amarre em quatro locais diferentes para que não se desmanchem as meadas. Lave-as, pendure-as em varal até a secagem. Após faça fofos rolos de lã, para  isto coloque os dedos  da mão esquerda abaixo do enrolamento dos fios e retire-os a cada sequência do enrolamento.

terça-feira, 17 de julho de 2012

A MALDIÇÃO DO SUÉTER: FATO OU FICÇÃO? / THE SWEATER CURSE: FACT OR FICTION?

Outro dia coversando durante o recreio na sala dos professores na escola, uma colega contava que comentou com o marido que havia tecido 3 suéteres para o primeiro marido e nunca mais fizera tricô na vida. A gozação foi por conta da reação do marido: um beiço enorme e a queixa de que não havia merecido nem um simples colete.

 The other day while chatting in the teachers'room at school during intermission, we laughed a lot at one of my workmates' report of her husband's reaction at learning she had knitted her first husband 3 sweaters. He curved his lips downwards and complained he had not deserved a mere handknitted vest whatsoever.

Isso me fez lembrar que eu fiz um suéter para o meu primeiro 'namorado' de verdade', e como foi só um namorado antes de me encontrar com o meu príncipe encantado, também foi só um suéter tecido.

All that jazz reminded me of the fact that I myself knitted a sweater for my first 'serious(ly?) boyfriend', which turnded out to be the only one before Prince Charming came around on his white horse. 

Dali em diante - é claro que o Luciano também ganhou seu suéter tecido pela namorada - são peças sem conta para enxovais dos filhotes, e  para toda a família até hoje. Meias, chapéus, gorros, boinas, bonés, cachecóis,  jaquetas, mantas, colchas, cobertores e tudo mais.

Ever since then - of course Luciano (hubby) got his own girlfriend-handknitted-sweater in time - it's been countless pieces for the baby's trousseau and for the family too. Socks, booties, slippers, tams, berets, hats, scarves, jackets, shawls, throws, afghans and you name it.
E hoje encontrei o seguinte post na Wikipedia sobre "a maldição do suéter" : And today I bumped into this post about "the sweater curse" on Wikipedia:
http://en.wikipedia.org/wiki/Sweater_curse- (In Englsih here)
  • Tricoteiras usam o termo "maldição do suéter" para descrever uma situaçõa na qual uma tricoteira  dá de presente um suéter tecido a mão por ela ao namorado, que em seguida rompe a relação. Numa versão alternativa, o relacionamento deve acabar antes mesmo de se terminar de tecer a peça. A crença é amplamente discutida em publicações sobre tricô e algumas tricoteiras afirmam terem  passado por isso. [...] Apesar do nome, a "maldição do suéter" é tratada na literatura de tricô menos como uma superstição governada por  forças paranormais do que como uma armadilha do tricô deste mundo que tem explicações e soluções deste mundo. Vários mecanismos para a maldição têm sido propostos, mas o fato nunca foi estudado sistematicamente.
Uma das explicações poderia ser que os amados não gostam de dividir a atenção das amantes com o tricô, e acabam por encontrar abrigo em braços menos ocupados...A mesma página da Wilipedia  apresenta diferentes versões para justificar a maldição e sugestões para evitar situaçoes parecidas. A melhor de todas é a sugestão de  se firmar um  pre-knitual agreement, que eu só consigo traduzir como um acordo pré-tricotamento.

Brincadeiras à parte, deixo aqui algumas dicas de peças masculinas para envolver nossos amados e nos fazermos presentes, pois uma peça tecida a mão é a assinatura de que alguém dedica-lhe atenção, cuidado, zelo e amor. É mais evidente do que uma aliança, seja lá em que mão for usada.

Jokes aside, I give you here some suggestions of manly items to wrap our beloved men and imprint our presence in their lives to the beholders, as a handknit piece of garment speaks louder than a wedding band about she who pampers, loves and ... (yes, that too) worries about its bearer.
O primeiro trabalho de quase todas as tricoteiras consiste numa  tira, que vai ser vestida como uma manta, ou cachecol, ou écharpe. Mesmo os  mais resistentes  a usar peças feitas a mão vão se render ao argumento de que, no mínimo, usando o cachecol vai precisar lavar menos a jaqueta:

The first knitted piece of us all knitters consists of a long strip, to be worn as a collar, scarf or neckwarmer. Even those who strongly object to handkintted garment will give in to the point that wearing one will save the laundry bill for the jacket: 

Esta aqui é linda, simples e quentinha./ This one is gorgeous, simple to make and very warm.

Receita aqui: http://www.ravelry.com/patterns/library/checkerboard-scarf-7

E se o seu amado for chegado a um "style"... Achei em http://sewwrong.blogspot.com.br/2012/01/boyfriend-scarf.html

Se um suéter leva muito tempo a ponto de seu amado reclamar, comece com algo simples e indispensável como este colete:
If a sweater may take you long enough to make your love complain, start with something simple and essential as this vest:
Receita aqui: http://www.allaboutyou.com/craft/pattern-finder/knitting-patterns/designer-knitting-patterns/knit-a-mens-sleeveless-v-neck-sweater-free-knitting-pattern-47097


Um gorro clássico como o do Jacques  Cousteau não há quem não aceite: A classic, the Jacques Cousteau Hat is irresistible:
Receita aqui: http://punaisensydamentorppa.wordpress.com/2008/11/12/jacques-cousteau-hat/

Este é um suéter simples e alinhado. Fácil e rápido de se fazer e fica bem em qualquer cor: 
This is a simple design and smart sweater. Easy and fast to make which goes fine in any color. 
Receita aqui:http://www.berroco.com/exclusives/dan/dan.pdf


Meninas, com ou sem acordo, são trabalhos que valem a pena. Agulhas a postos!

 Girls, whether you  sign a pre-knitual agreement or not, these pieces are worth the chance. To your needles, now! En garde!

 

domingo, 15 de julho de 2012

Cã-nsei

E hoje eu cã-nsei um pouco da reação que minhas recentemente assumidas cãs provocam. Gente que olha pro meu style, às vezes rocker, às vezes  ladylike,  mas sempre evidente, e, ato contínuo, confere a condição da pele das minhas mãos, já que a minha voz continua tonitroante - como se referia meu avô Joaquim ao timbre das mulheres da nossa família. Esse mosaico de impressões, que as pessoas não conseguem disfarçar, colhido na expressão dos observadores,  reultou no seguinte desabafo:


Cã-nto

Cã-nsei disto dito,                                               
Em voz baixa ou no grito:                                   
"Elas não envelhecem, ficam louras."              
Quem não envelhece emburrece.                     
Melenas são sempre coroa, independente da cor.  
Só perde quem não reconhece,                          
Na beleza em-cã-ntadora,                                 
O poder dos fios feito mito.                               
Tenho dito!                                                         

                      Isabella Vieira de Bem

 Cantus

I hear all this gra(y)ve stuff
Whispered or shouted enough:
"They don't age, they go blonde."
 He who does not age goes dumb.
Whatever the color, your hair is your crown, 
Fail to acknowledge -and you're down-
In the charming gra(y)ce the strength
Of  strands turned into myth.
Truth!
                Isabella Vieira de Bem 
 
E foi pensando nisso, e também um pouco envaidecida por comentários dos meus leitores, que listo a seguir dicas de receitas que venho pesquisando para  confeccionar para minha tia Edna, de 89 anos, que muito tricotou para mim na minha infância, adolescência e vida adulta também, inclusive para meus filhotes, para o enxoval e durante a infância deles. 
Algumas delas eu já executei, outras estão na lista de projetos a realizar.

Antigamente a gente chamava esta peça de Maianita, em inglês chama-se Shrug:
http://www.lionbrand.com/patterns/80064AD.html?noImages=

Esta peça existia sem eu saber, Sonhei com ela, e ali estava:
http://cocoknits.com/downloads/free-patterns/cocoknits_Mittenscarf.pdf
Destes sapatinhos eu fiz  vários pares ano passado:

http://cache.lionbrand.com/printablePatterns/90080AD.pdf


E esta eu estou quase terminando:

http://www.facebook.com/photo.php?fbid=10150669617097755&set=a.470592602754.249845.544557754&type=3&theater
 A receita tem aqui: http://www.lionbrand.com/patterns/90417AD.html?noImages=

Espero que gostem e aproveitem algumas das dicas!

terça-feira, 10 de julho de 2012

Mas bah! O ponto escapou! ? What the heck! Down went the stitch!

MALHA DE LIGA                           KNIT IN PURL

escapa da agulha o fio,                 the yarn fools the needle's hold
despenca um ponto.                     down goes the stitch.
agulhas em desvario,                   the needles run wild
dedos se desapontam.                  the fingers get upset
desponta um desenho                  bringing about a sketch
feito laço nesse lapso                  bow-shaped by this flight.
tecelã, franzo o cenho,                the knitter, I frown, 
pois o erro me intriga                  the fault made plight                     
recomponho em arte                    I restore in art
o ponto como ponte:                  the stitch as a bridge: 
em malha de liga.                        knit in purl.
                     
                               Isabella Vieira de Bem

Pois é, o dia hoje foi tão cheio de surpresas, desacertos e mal-entendidos que a sensação que eu tive foi análoga à de se perder um ponto no meio de um trabalho muito elaborado. O que fazer senão .... POESIA?

A propósito da alusão ao ponto perdido ou derrubado, seguem dicas de técnicas para recompor o trabalho quando isso ocorrer.

Neste linque há um vídeo que ensina a recuperar o ponto usando uma agulha de crochê: http://www.youtube.com/watch?v=SDwAXStG9Gc


Todavia, há também vários pontos fantasia que tiram "proveito" estético do ponto perdido, fazendo, do aparente erro, POESIA:


Que tal esta echarpe?



Adoro este ponto Torre Eiffel!







sábado, 30 de junho de 2012

BLACK AND WHITE - BRANCO E PRETO

(memória)
Não sei por que hoje me lembrei de um baile que fomos na SACC (Sociedade Amigos Capão da Canoa) no final dos anos 80 que tinha por tema a dobradinha Black and White. O dress code era, obviamente, qualquer um desde que preto e branco. Lembro muito bem da decoração, que exibia ícones temáticos como: dominó, damas, xadrez, zebras, dálmatas, pinguins, Xuxa e Pelé, sal e pimenta, teclados, a bandeira quadriculada da Fórmula 1, a bandeira dos piratas, etc.


Se fosse hoje, não poderia faltar um código de barras. Nem ícones fashion como  o logo da Chanel e o pied-de-poule da Christian Dior.


Naquele baile a atração principal foi nada mais nada menos do que Vanusa, que, fiel ao seu estilo altamente performático, trajava negro com sua cabelereira Platinum Blonde.

(literatura)
E falando na dobradinha, eu penso logo em TV e en tour de force numa metáfora que abre o romance Neuromancer, de William Gibson. Para quem não sabe, Neuromancer é a obra na qual o filme Matrix foi baseado.


The sky above the port was the color of television, tuned to a dead channel.
O  céu acima do porto era da cor da televisão, sintonizada num canal sem sinal.


Pois é, mas para a Geração X, aquela que não chegou a conhecer o mundo antes do advento do PC, a TV fora do ar já não é mais dessa cor...

Eu considero essa metáfora muito intrigante por vários motivos.
  • Primeiro, porque coloca como referência para a natureza a tecnologia, invertendo a experiência da nossa geração, um fato que contribui para  que a obra seja considerada como inaugural do gênero cyberpunk.
  • Segundo, porque a imagem aludida não tem propriamente uma cor,  senão uma gradação de tons de cinza numa disposição aparentemente caótica, remetendo à história da arte, mais especificamente aos movimentos da vanguarda européia (pensei em Cézanne).
  • Terceiro, porque, ao mencionar a TV, a metáfora conjura a experiência sensorial quase que indissociável dessa tecnologia. Com isso, a gente começa a ler o livro numa atitude hipermidial (som, imagem, movimento, lingua/gem , de modo que  o mundo ficcional que o texto verbal coloca em ação adquire irremediavelmente outras dimensões estéticas. Isso, para mim, é o mais interessante, pois repousa no poder da palavra de criar realidades, ou efeitos de realidade.  
Todos esses aspectos eu trabalhei na minha tese de doutoramento, analisando outras obras. 

(tricô e crochet)
Fiquei tentada a tricotar alguma coisa em preto e branco, cyberpunk, chanel, e procurando inspiração encontrei  estes aqui:




Esta colcha eu estou fazendo para o meu filho mais velho:



Esta também é linda:

Receita e fonte da foto aqui:

Também se pode usar este quadro para uma colcha:

Receita e fonte da foto aqui:

E que tal esta clutch?


Simplicidade é tudo:

Receita e foto:

E para não dizer que não falei de rock'n'roll, confiram esta headband:


Gráfico, receita e foto aqui:


Mesmo que você não leia inglês, vale a pena ler este post no blog onesheepishgirl.blogspot.com e se deliciar com as fotos: http://onesheepishgirl.blogspot.com.br/2011/12/knitting-inspiration-in-black-white.html

E aí, gostaram?

domingo, 10 de junho de 2012

ESTRELA CADENTE: DESEJOS, DOCES MEMÓRIAS, LITERATURA E UM POUQUINHO DE TRICÔ E CROCHÊ

MOMENTO MÁGICO



(Fonte da foto: http://coracaofurtacor.blogspot.com.br/2010/12/normal-0-21-microsoftinternetexplorer4.html)

Terça-feira retrasada, chegando em casa de volta da universidade, caminhando da parada de ônibus até o portão de casa, observando o céu limpo, a noite clara, enxerguei um cometa cruzar por cima da minha casa na direção sul-norte. Imediatamente, fui tomada por uma alegria inocente, daquelas que as crianças têm com uma boa surpresa, coisa que há muito eu não experientava. Minha primeira reação  foi fazer  3 pedidos, mas, mais  do que isso, lembrei da última vez em que havia visto uma estrela cadente. Eu acho que eu tinha uns seis anos e, tendo apontado para o céu, sinalizando o que via, fui  repreendida, advertida de que uma verruga cresceria no meu nariz etc. Lembro que  eu fiquei curiosa, não amedrontada ou assustada, e como a verruga não cresceu, perdi o interesse no futuro do meu nariz.
Estrelas cadentes são um espetáculo mesmo, e olhar para as estrelas, contemplar a abóboda celeste, não tem quem não goste. Lembrei então de noites de férias e feriados longos  que passamos na casa do Suspiro da dona Nize e seu Peri Barbosa, no interior de São Gabriel, na década de 80, com a petizada nossa (Bruno, Álvaro, Francisco e Pedro), do Ju e da Ju (Diego e Igor), da Dênia e do Renato (Amandinha e Alire) da Denise e do Alcides (Bina e Manã/Bernardo e Emiliano) em que eu lia "As Aventuras de Tibicuera", de Érico Verissimo, antes deles dormirem, todos  num quartão juntos. Alguns deles abriam  bem os olhos como se para enxergar melhor as cenas e dramas que eu narrava, e aos poucos iam relaxando...

SOBRE A NOITE E AS ESTRELAS:
"À noite eu via as danças dos índios ao redor de uma grande fogueira. Os tupinambás pulavam, faziam roda, rebolavam as ancas, erguiam os braços, batiam com os pés no chão. A fogueira lambia a noite com línguas de muitas cores. De dentro dela saltava um clarão que devorava a luz do luar, pintava de fogo a cara dos guerreiros e ia bolir com o mato que estava dormindo.
Os guerreiros dançavam sempre. Os tambores batucavam - bum-qui-ti-bum, bum-qui-ti-bum, bum, bum... Eu olhava para o céu. A lua parecia uma fogueira branca e as estrelas eram os índios dançando ao redor dela."

Já nos anos 2000, num show de Kleiton e Kledir em Porto Alegre, qo qual eu não pude comparecer, chegando em casa meus filhotes  chegaram emocionados contando que lembraram de mim quando eles cantaram ESTRELA, ESTRELA. E eu me senti a própria!
<iframe width="420" height="315" src="http://www.youtube.com/embed/Ny5ydKcDYjA" frameborder="0" allowfullscreen></iframe>



Curiosamente, e a propósito, eles também têm uma canção intitulada ESTRELA CADENTE:


E aqui, algumas receitas de cometas e estrelas:
http://www.marniemaclean.com/patterns/Comet/index.htm


Source: etsy.com via Dette on Pinterest

TRICÔ PARA O FRIO DE INVERNO E SNOW MAN, DE WALLACE STEVENS

Sempre que chega o frio de inverno eu lembro deste poema:



SNOW MAN - Wallace stevens.                             BONECO DE NEVE - Wallace Stevens


One must have a mind of winter                             É preciso ter uma mente de inverno
To regard the frost and the boughs                        Para considerar os ramos e a geada
Of the pine-trees crusted with snow;                     Dos pinheiros com a neve incrustrada;
And have been cold a long time                              E ter sentido frio bastante tempo
To behold the junipers shagged with ice,            Para contemplar os zimbros cobertos com gelo,
The spruces rough in the distant glitter                Os abetos ásperos no distante cintilar
Of the January sun; and not to think                     Do sol de janeiro; e não pensar
Of any misery in the sound of the wind,               Em miséria alguma no som do vento,
In the sound of a few leaves,                                    No som de uma folhagem rala,
Which is the sound of the land                                Que é o som que a terra fala,
Full of the same wind                                                  Cheia do mesmo vento
That is blowing in the same bare place                Que está soprando no mesmo lugar descoberto
For the listener, who listens in the snow,            Para quem escuta, e escuta na neve
And, nothing himself, beholds                                 E,  ele mesmo nada, vê
Nothing that is not there                                           Nada que não está lá
  and the nothing that is.                                                 e o nada que está.
                                                                                                      (Trad. IVBEM)


Lembro de ter passado frio poucas vezes, e por isso dou graças a Deus. Uma vez foi indo a Bagé de carona com meu tio Antônio Luís numas férias de julho - acho que em 1972 - de mini  saia e sem casacão. Eu aproveitara a carona para passar a tarde com minha prima Dulce Maria que morava lá. Quando saí do carro fiquei roxa, e meu tio me fez tomar um chocolate quente para me esquentar até recuperar a circulação. 


Outra vez foi em Santa Maria, quando fazia Zootecnia na UFSM, e precisei ir ao médico por causa de uma gripe que me fez faltar prova. Enquanto subia a Bozano, a planta do pé doía a cada passo de tão congelada, e eu estava de bota, meias, pala e manta e toca de lã.


Mas  o poema fala de como a gente encara, racionaliza, a partir das sensações, a experiência do inverno da terra, na terra. E aí tenho uma memória que, se pudesse, apagaria, mas que tem a ver com a racionalização e seus limites.


Uma noite em  São Leopoldo, nos anos 90, jantando numa pizzaria com filhos -ainda pequenos - amigos e parentes, caía o mundo e encostou do lado de fora uma ambulância. Ouvimos e assistimos - como na poesia  - a notícia de que ali na escada do restaurante morrera - de frio - um indigente. Difícil de contar, de lembrar, e pior ainda, de  prover uma interpretação humana, honesta, e não tão crua para as crianças.


Diante  do nada, o melhor a fazer é contemplar a pura existência do nada.


Das imagens que o poema  me suscita, ficam os  inúmeros blusões, tocas, mantas e gorros coloridos que teci para meus filhos, sobrinhos, sobrinhas, afilhados e afilhadas,  muitos a partir das revistas Burda, os quais seguem nas receitas como ideias para animar e encher de vida os
nossos invernos em família.


A receita do gorrinho snowman:  http://www.ravelry.com/patterns/library/snowman-hat-3


Esse clássico em jacquard acima: http://petitepurls.com/Winter09/winter2009_pryuuko.html


Um "ivanhoé" indispensável para esse friozão: http://web.archive.org/web/20071219174941/www.knitlist.com/99gift/toddler-helmet.htm




E que tal essas luvinhas? http://needlesnotesandnews.blogspot.com.br/2008/07/snowman-mittens-pattern.html

sábado, 26 de maio de 2012

CORES DO OUTONO- A POESIA DE EMILY DICKINSON E UMA COLCHA DE CROCHÊ


O outono é minha estação favorita, e acho que  é coisa de geminiana. É época de começar a tricotar com lã sem morrer de calor, de pensar em projetos para executar para o inverno e algumas peças pequenas mesmo durante o inverno, à frente da lareira, com chocolate quente ou chimarrão. Muito bom!
Quando eu tenho que ensinar sobre  Halloween  e Thanksgiving  para meus alunos  de Inglês do 6º ano, eu começo explicando que outubro e novembro é outono no hemisfério norte e que lá a estação tem um colorido todo especial. Quando eu leciono  Emily Dickinson em Literatura Americana na Universidade, este é um dos poemas que eu leio (a tradução é minha):


748

Autumn—overlooked my Knitting—       O Outono - meu Tricô conferindo -
Dyes—said He—have I—                     Tinturas - disse Ele -  eu disponho -
Could disparage a Flamingo—              de dar inveja a um Flamingo -
Show Me them—said I—                      Mostre-as pra Mim - eu proponho-

Cochineal—I chose—for deeming          Carmim - Eu escolhi - pois considero 
It resemble Thee—                                que lembra Você-
And the little Border—Dusker—              E a Borda  estreita- Cinza austero -
For resembling Me—                              pois lembra a Mim   -


Nessa poesia, lê-se o diálogo entre o Outono e a poetisa, segundo a perspectiva dela, obviamente. O Outono espia a poetisa tricotar e a desafia a incorporar suas cores ao trabalho. Ela, por sua vez, responde acolhendo a provocação, escolhendo a cor carmim em homenagem a ele, mas tecendo o contorno em cinza, austero, deixando claro que a decisão era dela.


A colcha da foto foi executada por mim, inspirada numa cartela de cores outonais. O motivo original é o tradicional "Granny Square", que aprendi com minha avó, Francisca Pedroso de Azambuja, e minha tia-avó, Emeri Pedroso Duarte. Tradicionalmente, os squares da minha vó eram tecidos  com o miolo em marfim, contornados por uma cor vibrante e por último por preto, perfazendo 6 carreiras. Neste trabalho eu fiz 10 carreiras e criei um acabamento diferente, uma borda, como Emily Dickinson, num gesto autoral.  

Gostaram? Esta colcha está pronta para entrega. Quem tiver interesse, é só fazer contato.  


Espero que tenham apreciado o texto, agradeço a visita e toda e qualquer crítica vale como elogio ao meu esforço. Voltem sempre!

quarta-feira, 23 de maio de 2012

JOGO DE XADREZ- UMA COBERTA DE CAMA, JORGE LUÍS BORGES E MINHAS MEMÓRIAS

JOGO DE XADREZ (Descobri, enquanto escrevia esta postagem, por que minha mãe tinha uma coleção de poesia de Omar Kayan -que eu sabia ser o autor de Rubayat - em espanhol na estante da sala)

Sou de uma geração cujo jogo de tabuleiro mais complexo que havia era o Jogo de Xadrez. Hoje, ao me deparar com o número de variáveis e combinações exponenciais que mesmo o mais simples dos jogos de computador que crianças ainda não alfabetizadas manipulam, não há como não ser tomada por uma genuína humildade intelectual.
Pertenço a uma família na qual jogar xadrez é uma tradição, não daquelas impostas, mas naturalmente adquiridas e preservadas porque ... porque sim. Senão, vejamos: 
Pode ser que o natural fosse o aspecto ritualístico que reveste a prática deste jogo: a concentração, o silêncio, o exercício do raciocínio que permite a formulação da estratégia mas também dita a tática. Natural? Sim, natural como almoçar ao meio-dia em lugares definidos à mesa, natural como esperar ser servido numa determinada ordem, como contar com a conferência dos temas e com a certeza do elogio ou do puxão de orelha.
Jogar xadrez lá em casa, na minha infância e juventude, fazia parte do sobrenome, e a gente era conhecido como tal, "aqueles jogam xadrez, ", "os Vieira", "até as gurias jogam". Havia diversos tabuleiros, de diferentes materiais e tamanhos e idades e histórias. E as histórias faziam parte do jogo, entravam em jogo perfiladas nas 16 casas ocupadas pelas peças de cada jogador.
O mais antigo era um de bolso, cujas peças eram de marfim, brancas e tingidas de vermelho, que pertencera a meu avô,  Dr Joaquim Vieira Netto, engenheiro civil e geógrafo. Nesse, só quem jogava era meu pai e, em ocasiões raríssimas, meu irmão mais velho.
Lembro do maior deles, um tabuleiro lindo em marcheteria de louro claro e escuro com peças grandes, meu favorito. Posso sentir ainda hoje o cheiro da madeira, e o deslizar suave do feltro sob as peças descrevendo as diagonais, os "L's", as verticais e horizontais, empurradas pelo motor da emoção do desafio e pela força (do)peso da tomada de decisão.
E havia também aquele de tamanho médio, também de madeira, que nos acompanhava na pasta (na época ia-se para a aula com uma pasta, não mochila) para o colégio para jogar no intervalo ou antes de bater. Às vezes a gente montava um torneio na hora, mas que durava temporadas inteiras, até os exames finais, porque a gente estudava muito e só jogava quando sobrava tempo. Outro tempo, outro ritmo, outro mundo.
Encontrei esta receita de tabuleiro e peças em crochê que dá para carregar na bolsa! Maravilha!


http://acraftyblog.blogspot.com.br/2008/11/crochet-chess-set.html

Pois foi com saudades de jogar xadrez que eu comecei há mais de 2 meses, uma coberta de cama para meu filho mais velho, engenheiro como meu avô, cuja receita tem o título Cheque-Mate.  Confiram a foto da receita.

Aqui vocês encontram uma receita para tricotar tabuleiro e peças, muito legal!
http://www.clarescopefarrell.co.uk/pdf/chesscheckerboard.pdf


Ou, se preferirem, em crochê.
http://www.ravelry.com/patterns/library/crochet-chess-pieces

E uma receita sofisticada em crochê, lindíssima.
http://angicrochet.blogspot.com.br/2008/09/chess-set.html

Esta postagem não estaria completa sem uma referência literária, então segue para o seu deleite, caros leitores, nada mais nada menos do que Jogo de Xadrez, de Jorge Luís Borges, Uma obra prima.

JOGO DE XADREZ

I

Em seu grave rincão, os jogadores
as peças vão movendo. O tabuleiro
retarda-os até a aurora em seu severo
âmbito, em que se odeiam duas cores.
Dentro irradiam mágicos rigores
as formas: torre homérica, ligeiro
cavalo, armada rainha, rei postreiro,
oblíquo bispo e peões agressores.
Quando esses jogadores tenham ido,
quando o amplo tempo os haja consumido,
por certo não terá cessado o rito.
Foi no Oriente que se armou tal guerra,
cujo anfiteatro é hoje toda a terra.
Como aquele outro, este jogo é infinito.


II

Rei tênue, torto bispo, encarniçada
rainha, torre direta e peão ladino
por sobre o negro e o branco do caminho
buscam e libram a batalha armada.
Desconhecem que a mão assinalada
do jogador governa seu destino,
não sabem que um rigor adamantino
sujeita seu arbítrio e sua jornada.
Também o jogador é prisioneiro
(diz-nos Omar) de um outro tabuleiro
de negras noites e de brancos dias.
Deus move o jogador, e este a peleja.
Que deus por trás de Deus a trama enseja
de poeira e tempo e sonho e agonias?

AJEDREZ
I
En su grave rincón, los jugadores
Rigen las lentas piezas. El tablero
Los demora hasta el alba en su severo
Ámbito en que se odian dos colores.
Adentro irradian mágicos rigores
Las formas: torre homérica, ligero
Caballo, armada reina, rey postrero,
Oblicuo alfil y peones agresores.
Cuando los jugadores se hayan ido
Cuando el tiempo los haya consumido,
Ciertamente no habrá cesado el rito.
En el oriente se encendió esta guerra
Cuyo anfiteatro es hoy toda la tierra,
Como el otro, este juego es infinito.

II

Tenue rey, sesgo alfil, encarnizada
Reina, torre directa y peón ladino
Sobre lo negro y blanco del camino
Buscan y libran su batalla armada.
No saben que la mano señalada
Del jugador gobierna su destino,
No saben que un rigor adamantino
Sujeta su albedrío y su jornada.
También el jugador es prisionero
(La sentencia es de Omar) de otro tablero (1)
De negras noches y de blancos días.
Dios mueve al jugador y éste, la pieza.
¿Qué dios detrás de Dios la trama empieza
De polvo y tiempo y sueño y agonía?

Jorge Luis Borges

(1) La vida es un tablero de ajedrez, donde el Hado nos mueve cual peones, dando mates con penas, en cuanto termina el juego, nos saca del tablero y nos arroja a todos al cajón de la Nada.
(Omar Khayyam, matemático, astrônomo e poeta persa)

Game of Chess
I
In their grave corner, the players
Deploy the slow pieces. And the chessboard
Detains them until dawn in its severe
Compass in which two colors hate each other
Within it the shapes give off a magic
Strength: Homeric tower, and nimble
Horse, a fighting queen, a backward king,
A bishop on the bias, and aggressive pawns.
When the players have departed, and
When time has consumed them utterly,
The ritual will not have ended.
That war first flamed out in the east
Whose amphitheatre is now the world.
And like the other, this game is infinite.
II
Slight king, oblique bishop, and a queen
Blood-lusting; upright tower, crafty pawn--
Over the black and the white of their path
They foray and deliver armed battle.
They do not know it is the artful hand
Of the player that rules their fate
,
They do not know that an adamant rigor
Subdues their free will and their span.
But the player likewise is a prisoner
(The maxim is Omar's) on another board
Of dead-black nights and of white days.
God moves the player and he, the piece.
What god behind God originates the scheme
Of dust and time and dream and agony?

sábado, 19 de maio de 2012

PERSONALIZANDO MEU CARRO ou I LOVE ALL THINGS ENGLISH!

Minhas paixões:  tricô e crochê e língua e literatura inglesa e americana num único elemento. é demais para a  veia (ou anciã, lido com o ditongo aberto)!

Não consigo (d)escrever a minha reação ao post do linque abaixo!

Knitting with Fire: I Tricked Out My MINI With Knitting

Vou tentar tecer uma dessas luvas de retrovisor para o meu carro.  Fica a ideia para personalizarem os seus com diferentes bandeiras: do Brasil, do Rio Grande do Sul, do seu time, etc.

MUUUITO CRIATIVO!!!

terça-feira, 15 de maio de 2012

O INÍCIO É MUITAS VEZES O FIM (T.S.ELIOT) - RECEITA DE MÖEBIUS

O QUE CHAMAMOS DE INÍCIO É MUITAS VEZES O FIM

E FAZER UM FINAL É FAZER UM COMEÇO.

O FIM É DE ONDE SE PARTE.


 Fonte da foto: http://www.treasuresmadefromyarn.com/2011/09/mobius-ripple-cowl.html


WHAT WE CALL THE BEGINNING IS OFTEN THE END
AND TO MAKE AN END IS TO MAKE A BEGINNING.
THE END IS WHERE WE START FROM 
(Little gidding- T.S. Eliot) 





Os versos de T.S. Eliot conjuram a imagem do infinito, onde começo e fim não estão estabelecidos, onde não há lado de dentro ou de fora, para mim é  a imagem do continuum tempo-espaço. Uma imagem muito sedutora e absorvente, que convida a  mergulhar numa dimensão do universo em que se experimenta a dissolução dos limites.

O design Möebius, comum em peças como lenços, echarpes e pelerines, é uma boa representação dessa imagem. Há diferentes técnicas para se executar uma peça Möebius, em tricô ou crochê, de diferentes complexidades.  

Em tricô pode-se tecer numa única peça, sem costuras, montada em agulhas circulares ou num único retângulo em agulhas convencionais, sendo que o segredo vai estar ao torcer a peça para fazer a costura ou arremate. Já em crochê é bem mais simples, mas em qualquer caso resulta uma peça versátil e charmosa.

Deixo aqui para vocês alguns linques de vídeos demonstrando desde a montagem dos pontos até a execução e arremate nas diferentes técnicas, além de páginas onde vocês podem ter inspiração para suas próprias Möebius.

Vídeo (em inglês) demonstrando a montagem em tricô e  primeiras carreiras: http://www.youtube.com/watch?v=LVnTda7F2V4

Montagem dos pontos em tricô (em português) bem didática e ilustrada: http://www.tricoteiras.com/wp-content/uploads/2011/06/Mobius.pdf

Receita (em inglês) de um cachecol em tricô: http://catbordhi.com/wp-content/uploads/Moebius-Cowl-Handout.pdf

Receita em português de  Gola Möebius em tricô: http://tricosemcostura.files.wordpress.com/2010/10/gola_moebius.pdf 

Receita (em português) de variação da Gola Möebius em tricô: http://www.tricoteiras.com/?p=3195 
Montagem em crochê (em inglês): http://www.youtube.com/watch?v=DWE9gf4tNEI

Montagem em crochê numa técnica mais  simples (em inglês): http://www.youtube.com/watch?v=QhriaelHsB4

Receita de Gola Möebius em crochê (em inglês) : http://www.treasuresmadefromyarn.com/2011/09/mobius-ripple-cowl-pattern.html

Gostaram? É mesmo um desafio...